sexta-feira, 30 de novembro de 2007

CRIANÇADA



Crianças...
Como em quase todos lugares novos a que vamos ou tentamos ir, as crianças são anfitriãs ideais para quem as tem como importantes aliados e potenciais amores. Elas não tem muitas barreiras, tem curiosidade e abertura para receber os de fora. No caso dos pequenos ciganos não seria diferente. Foram eles que primeiro nos acolheram. Ensinaram os caminhos no mato, as brincadeiras preferidas, o contar histórias e o pedir pra contar.
Quantas vezes tivemos que repetir as histórias preferidas, "galinha ruiva", "pinóquio", "a estória da figueira", tantas outras inventadas por nós na hora, em duplas ou em trio, trasendo para o conteúdo das narrativas após almoço, na sombra, elementos dali mesmo, deles, de seus pais.
Eram muitas crianças, de variadas idades e durante esses aproximadamente 60 dias que ali ficamos, cada uma foi se personalizando, não só óbviamente sabíamos seus nomes, idades e relações internas no grupo, mas suas formas de pensar, brincar e agir.
Na foto acima, NANDO está ao lado do Guile, à esquerda. Entre as pernas de Julia está SIELMA, com SUENE logo ao lado, apoiada e sorridente.
À direita temos DIDI, com o qual começamos o documentário (anfitrião do filme) e CIÇA.
NANDO, SIELMA E DIDI são irmãos.
Os três são tios de CIÇA.
E todos são primos de SUENE.
Ao fundo nossa barraca, que aguentou muito sol e belas pancadas de chuva. Aprendemos a armar a tenda com eles, mas nos dias de chuva ela balançava que balançava, mas continuava ali, quase intacta.
Na primeira tempestade, homens e mulheres vieram nos ajudar, ensinar a fazer os "regos", escavando dois leitos de rio, um por dentro e um por fora da barraca, para a água ter por onde escoar e não empossar dentro.
Apesar disso, a umidade sempre estava ali, e esse era o maior convite para nossos inquilinos constantes, sapos gigantes entocados no quentinho da cobertura dos equipamentos.
Voltando um pouco às crianças, conforme a intimidade foi crescendo eles vinham nos acordar e não tinham mais limites e esse foi sendo nosso maior desafio com elas, como determinar as horas de brincar e de trabalhar, nosso tempo e privacidade. Exauridos às vezes, não queríamos gritar ou chamar os país, por exemplo, mas nossa didática era sarro pra eles, que pegavam fogo em certos dias. Ai só tinha uma saída mesmo, chamar as ciganas e pedir ajuda...

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