terça-feira, 4 de março de 2008

NOSSA BARRACA


Essa foi nossa casa por dois meses. Como todas as outras barracas do acampamento, a frente dela dá para oeste, onde o sol se põe e por trás vinham as chuvas, nunca pela frente. Coisa de ciganos. Eles nos ajudaram a montar no primeiro dia e depois foi com a gente, quase todo dia alguma reparação. Puxa daqui, estica dali e boa vida tivemos ali.
A barraca aguentou bem os dois meses de filmagem. Dentro dela tem uma outra barraca que servia para guardar os equipamentos, protegidos (mais ou menos) do sol, da chuva, da poeira e do vento.
Como era quente ficar ai dentro entre as 10 da manhã e as 3 da tarde.
Mas a noite, meu Deus, a beleza de acordar ao relento, algumas vezes ao longo da noite e acompanhar a lua traçando seu desenho no céu.
Dormir sem teto, sem porta, sem nada. No sertão de Alagoas. Protegidos pelos ciganos e pela própria noite.
Saudades da barraca, que foi desfeita em dois segundos no dia de ir embora. Lonas negociadas, cordas também. Elásticos levados embora e a marca na terra, dois meses depois, na nossa volta, já tinha sido apagada, claro, pelo tempo, pala plantacão de feijão e pelas passadas, outras passadas.
Dormiamos em quatro ai dentro, espalhados de dois em dois. E quando o Hélio (montador) veio passar alguns dias conosco, éramos em cinco.
Apertou um pouco, mas sempre cabe mais um.

Nenhum comentário: