sábado, 31 de maio de 2008

IMPRESSOES III- FESTIVAL DE CUIABA

"Tarabatara", documentário de Julia Zakia – vídeo – 23 min – 2007

"Diretamente do sertão do Alagoas à, provavelmente, a maior manifestação de comunicação ou interligação mundial. A diretora Julia Zakia filmou uma comunidade de ciganos (sim, com certeza eles são, entre a espécie humana, o maior fenômeno de "comunicação" entre todos os setores da Terra), no interior de um Brasil ancestral, tradicional e fechado, que pressuporia um isolamento quase indevassável; ainda mais por uma enormidade de pessoas. Mas os ciganos são assim: mal vistos, mal falados e, mesmo assim, firmando temporariamente (são nômades por excelência) vínculos em qualquer rincão do planeta. São uma raça "fenômeno" que mantém algumas manifestações como maneira de se preservarem em unidade e auto-reconhecimento. O curta fixa-se na revelação desses elementos unificadores sem apoderar-se da lógica narrativa e linear para tal. Há a fala memorial de um dos anciões do grupo, mas não é um relato lógico dos porquês do grupo; há vestígios de sua música, falas em dialeto próprio, captadas à distância – embrenhadas no meio da natureza onde sobrevivem –; imagens captadas com especial valor visual – por vezes lembrando pinturas -; manifestações e procedimentos que, tanto remetem ao marcado no nosso imaginário quando pensamos na etnia, quanto revela-os bem internados e adaptados no modo de vida local. Revela e esclarece, mas sem contar: insinuando. Belo trabalho."
CID NADER

e

A hora e a vez dos mais inspirados

"Após o longa-metragem, e o obrigatório jantar, pudemos ver o ótimo Tarabatara, de Júlia Zakia, que segue uma família cigana do sertão do Alagoas. O mais interessante é que Zakia documenta o nomadismo da família de uma maneira também nômade, abandonando por vezes o tom mais documental para se perder em abstrações muito bonitas, com um trabalho de câmera impressionante. Curioso que o filme estava programado para ser exibido em 35mm, mas foi exibido em vídeo. Dá para questionar se o 35mm do catálogo não foi um erro de impressão, pois a estética está muito próxima dos trabalhos em digital de Cao Guimarães, especialmente Da Janela do Meu Quarto."
por SERGIO ALPENDRE

OBS- Nosso filme foi feito em video e em super-8, mas finalizado em 35mm, como é requerido pela secretaria de cultura do Estado de São Paulo, no prêmio estímulo que ganhamos. Se foi exibido em vídeo, não sei dizer o porquê, mas que bom que não parece ter feito tanta diferença assim. Ficamos bem felizes com os comentários.
GATOS DO PARQUE

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